IV SIELP - GT Ensino e aprendizagem de língua portuguesa em comunidade indígena: língua primeira e segunda

Coordenadores: 
Francisco Vanderlei Ferreira da Costa (IFBA) e Wilmar D'Angelis (IEL/Unicamp)

Resumo: O português dificilmente pode ser visto como marca de indianidade, mas muitas comunidades indígenas deram a essa língua uma direção bastante própria, podendo considerar determinadas variedades com modalidades de Português Índio. Nesse caso, esses grupos indígenas demonstram ter sua marca étnica também na língua portuguesa, levando-a a um distanciamento do português padrão, inclusive sofrendo rejeição em virtude desse afastamento do português aceito. Essa apropriação do português fez dele uma língua com características únicas para cada grupo, com suas línguas ancestrais impondo formas específicas na língua europeia. Todas essas influências exigem que o ensino de língua portuguesa nas comunidades indígenas tenha como referência as línguas ainda faladas na comunidade ou, quando for o caso, a língua que é assumida pelo grupo como referência identitária, frequentemente objeto de algum processo ou esforço de revitalização. Para esse “português étnico” não são adequadas nem eficientes as metodologias de ensino e de pesquisa empregadas em comunidades não-indígenas falantes do português. De outro lado, estão as comunidades falantes de uma língua ameríndia, para as quais o português é a língua do colonizador, mas que precisam dominar para estabelecer relações em condições menos desfavoráveis. Não se trata, nesse caso, de ensinar português como língua estrangeira, mas também não se pode confundir com ensino de português para estrangeiros, especialmente porque seus objetivos não se confundem. Afinal: o que é e como ensinar português em comunidades indígenas falantes de uma variedade dessa língua? E ensinar português em comunidades indígenas que não o dominam? São questões que nortearão o debate para construção de alternativas para o ensino e aprendizagem de língua portuguesa em comunidades indígenas.